20 de Novembro de 2024
A compatibilização de projetos é algo que se discute desde o nascimento da engenharia moderna. Quem nunca viu engenheiros com um foco de luz sobre papéis vegetais, conferindo pontos de incompatibilidade, com calculadora, escalímetro e maços de papéis na mão?
Com os softwares e o sistema CAD (Computer Aided Design), a arte de projetar foi simplificada, mas o princípio de ter um projeto em cada camada ou cada Layer, para comparar os pontos de inconsistência dos projetos continua o mesmo.
O maior salto na elaboração de projetos ocorreu com a criação do conceito BIM (Building Information Modeling), mas o que significa isso?
O BIM não está vinculado a um software, e sim à construção virtual da edificação. Seria como construir a edificação em um ambiente virtual e, assim, conseguir observar as incompatibilidades da construção de uma maneira “fácil”. Dessa forma, seria possível prever as incompatibilidades e os problemas no campo virtual, onde não se gasta concreto, aço ou tijolo.
Mas, se é tão econômico e tão fácil, é só fazer todas as obras com o BIM e não existiriam mais problemas na construção civil, certo? Não é bem assim. Os profissionais do ramo não acompanharam o processo computacional. Ainda há uma limitação na quantidade de profissionais que utilizam formatos de desenho que permitem a interoperabilidade entre softwares.
Na indústria da construção civil, diferentemente de outras indústrias, o produto final é o próprio chão da fábrica, que não está sob galpões protegidos ou em estoque. Isso por si só provoca um ambiente de pressão, onde a dificuldade de tomada de decisão toma contornos exponenciais.
Qual a maior probabilidade de tomar uma decisão sobre uma incompatibilidade de maneira mais assertiva: em um ambiente de obra, que carrega suas restrições, ou em um escritório, fazendo várias simulações com a maior tranquilidade?
Uma incompatibilidade de projeto reconhecida em ambiente virtual se traduz em economia na obra, e quando aplicada em edificações de múltiplos pavimentos, acaba sendo majorada de maneira exponencial.
Mas, então, o BIM seria apenas para facilitar o reconhecimento de incompatibilidades de projetos e corrigi-las? Não apenas isso, a ideia de montar uma construção virtual permite criar um cronograma físico-financeiro de obra de maneira mais assertiva, prevendo cada desembolso e considerando intercorrências que podem prejudicar o dia a dia da obra.
Então é fácil: basta passar tudo para a construção virtual e o computador vai identificar todos os problemas? Seria esse o futuro? Não é bem por aí! O talento do profissional para tomar decisões em cada projeto deve ser considerado, lembrando que cada edificação é única, como uma obra de arte. O solo, o relevo, a orientação solar e o vento são fatores variáveis que, por mais que sejam similares, não são os mesmos.
E claro, podemos ter gostos pessoais parecidos, mas não idênticos.
Assim como existem pintores que se sobressaem com suas obras de arte sendo vendidas por valores milionários, haverá profissionais da construção civil que se destacarão, independentemente da utilização de software ou sistema. No entanto, é certo que, com melhores ferramentas, projetos mais ousados e completos se tornam realidade com maior economia e eficiência.