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Engenharia que inspira e transforma

Dia da Mulher

08 de Março de 2025

Todos os dias, guerreiras estão entrando no mercado de trabalho e enfrentando dificuldades devido ao preconceito de gênero e a piadinhas sexistas, tudo isso em um mundo moldado pelo patriarcado. Os desafios impostos às mulheres na sociedade são gigantes, ganhando proporções estratosféricas no âmbito do mercado imobiliário e da construção civil. Escutamos piadinhas como “só pode ser por cota porque não sabe como é construir”, “o que ela sabe é mulher?” ou “ela sabe é da cozinha e da área de serviço”, mas isso não são piadas, são ofensas. As mulheres se fizeram presentes em um mercado amplamente dominado por homens e têm se destacado. Cerca de 40% das matrículas em cursos de engenharia civil são de mulheres. Elas estão dominando o mercado.

Nossas bravas mulheres que trabalham aqui na Unity Engenharia comentaram um pouco sobre o tema:

Ser mulher significa enfrentar os limites impostos por um mundo historicamente moldado por homens e desafiar, diariamente, os empecilhos da desigualdade de gênero.

No setor da advocacia imobiliária e da construção civil, espaços predominantemente masculinos, os desafios são evidentes, especialmente no questionamento constante da credibilidade e autoridade feminina. Muitas mulheres são silenciadas em reuniões e negociações, seja por meio de interrupções, seja por questionamentos técnicos infundados e episódios de mansplaining. Além disso, persiste a crença equivocada de que apenas um homem teria "pulso firme" para lidar com as diligências jurídicas do setor.

A construção civil, historicamente, favorece os profissionais masculinos, perpetuando um preconceito estrutural enraizado há séculos. No entanto, a responsabilidade de quebrar esses estigmas e valorizar o papel da mulher na sociedade não é individual, mas coletiva. Cabe a todos nós transformar esse cenário e garantir a equidade de gênero em todas as áreas do mercado.

Yasmin Nunes da Silva
Advogada especialista em Direito Imobiliário

Ser mulher hoje em dia não tem sido fácil já que vivemos em uma sociedade que ainda expressa muitas ideias machistas. No ramo da construção civil, um setor dominado historicamente por homens, embora a presença feminina tenha crescido significativamente nos últimos anos, as barreiras e obstáculos que vão do preconceito até a falta de oportunidade de crescimento e desenvolvimento se fazem presentes.

Ao iniciar na vida profissional pude notar o quanto seria desafiador, uma vez que duvidavam da minha capacidade para desenvolver tarefas físicas e do meu conhecimento de um modo geral. A idade também foi um ponto já que trabalhava com pessoas com idade avançada e que muitas vezes tinham anos de trabalho no ramo da construção civil. A dificuldade de crescimento para alcançar cargos de liderança e de ser ouvida em decisões importantes é uma constante. A percepção de que a construção civil é um “universo masculino” limita o potencial de muitas mulheres, que, muitas vezes, se veem excluídas dos processos de tomada de decisão.

Me deparei inúmeras vezes com comportamentos hostis e desrespeitosos atrelados a piadas sexistas, atitudes machistas e falta de apoio, porém, essas situações nunca se tornaram um motivo de desistência e distração do meu objetivo principal no trabalho que era executar as minhas tarefas de forma correta e eficiente.

Apesar de compreender todas as dificuldades que existem para as mulheres no setor da construção civil, escolhi a minha profissão por admiração ao trabalho exercido na Engenharia Civil, tenho amor ao que faço, me encanto a cada descoberta e irei ocupar o meu lugar no setor com muita responsabilidade, dedicação e determinação, me impondo quando necessário, ciente de que nenhum homem tem o direito de diminuir o meu trabalho por causa do meu gênero. O lugar da mulher é onde ela quiser.

Leticia Rocha
Engenheira Civil

Mas o desafio pela igualdade de gênero continua, e todos os dias as mulheres enfrentam mais um obstáculo. Assim como Edith Clarke, a primeira engenheira eletricista; Emily Roebling, responsável pela Ponte do Brooklyn; e Enedina Marques, a primeira mulher engenheira do Brasil, entre tantas outras mulheres que, apesar das desconfianças, enfrentaram ambientes dominados por homens, nos ensinaram que o lugar da mulher é, sim, e com toda certeza, onde ela quiser.




BIM na Construção Civil: A Revolução Virtual na Compatibilização de Projetos

20 de Novembro de 2024

A compatibilização de projetos é algo que se discute desde o nascimento da engenharia moderna. Quem nunca viu engenheiros com um foco de luz sobre papéis vegetais, conferindo pontos de incompatibilidade, com calculadora, escalímetro e maços de papéis na mão?

Com os softwares e o sistema CAD (Computer Aided Design), a arte de projetar foi simplificada, mas o princípio de ter um projeto em cada camada ou cada Layer, para comparar os pontos de inconsistência dos projetos continua o mesmo.

O maior salto na elaboração de projetos ocorreu com a criação do conceito BIM (Building Information Modeling), mas o que significa isso?

O BIM não está vinculado a um software, e sim à construção virtual da edificação. Seria como construir a edificação em um ambiente virtual e, assim, conseguir observar as incompatibilidades da construção de uma maneira “fácil”. Dessa forma, seria possível prever as incompatibilidades e os problemas no campo virtual, onde não se gasta concreto, aço ou tijolo.

Mas, se é tão econômico e tão fácil, é só fazer todas as obras com o BIM e não existiriam mais problemas na construção civil, certo? Não é bem assim. Os profissionais do ramo não acompanharam o processo computacional. Ainda há uma limitação na quantidade de profissionais que utilizam formatos de desenho que permitem a interoperabilidade entre softwares.

Na indústria da construção civil, diferentemente de outras indústrias, o produto final é o próprio chão da fábrica, que não está sob galpões protegidos ou em estoque. Isso por si só provoca um ambiente de pressão, onde a dificuldade de tomada de decisão toma contornos exponenciais.

Qual a maior probabilidade de tomar uma decisão sobre uma incompatibilidade de maneira mais assertiva: em um ambiente de obra, que carrega suas restrições, ou em um escritório, fazendo várias simulações com a maior tranquilidade?

Uma incompatibilidade de projeto reconhecida em ambiente virtual se traduz em economia na obra, e quando aplicada em edificações de múltiplos pavimentos, acaba sendo majorada de maneira exponencial.

Mas, então, o BIM seria apenas para facilitar o reconhecimento de incompatibilidades de projetos e corrigi-las? Não apenas isso, a ideia de montar uma construção virtual permite criar um cronograma físico-financeiro de obra de maneira mais assertiva, prevendo cada desembolso e considerando intercorrências que podem prejudicar o dia a dia da obra.

Então é fácil: basta passar tudo para a construção virtual e o computador vai identificar todos os problemas? Seria esse o futuro? Não é bem por aí! O talento do profissional para tomar decisões em cada projeto deve ser considerado, lembrando que cada edificação é única, como uma obra de arte. O solo, o relevo, a orientação solar e o vento são fatores variáveis que, por mais que sejam similares, não são os mesmos.

E claro, podemos ter gostos pessoais parecidos, mas não idênticos.

Assim como existem pintores que se sobressaem com suas obras de arte sendo vendidas por valores milionários, haverá profissionais da construção civil que se destacarão, independentemente da utilização de software ou sistema. No entanto, é certo que, com melhores ferramentas, projetos mais ousados e completos se tornam realidade com maior economia e eficiência.